A questão da (não) representatividade de negros, deficientes, índios, e minorias em geral, na televisão brasileira, em novelas, séries, propagandas ou programas, remete às condições históricas a qual eram submetidos e reflete em como esses grupos são vistos e se veem na sociedade brasileira.
Infelizmente, as minorias são geralmente representadas com papéis secundários e de pouco destaque na mídia. A forma como as pessoas se enxergam tem relação direta com a forma como são retratadas e vistas pelos outros, principalmente quando os expectadores são crianças.
A liberdade de expressão está estreitamente ligada à essência do indivíduo e à forma como ele se percebe e é percebido pelos outros. No entanto, as minorias raramente são representadas de forma justa e adequada.
Um caso clássico dessa baixa representatividade consiste na falta de bonecas negras no mercado de brinquedos infantis, tornando frustrante aos pais de crianças negras a busca por bonecas que representem seus filhos. Uma campanha publicitária contra o racismo apresentava duas bonecas – uma negra e outra branca – a algumas crianças, e pedia para que as crianças apontassem a mais bonita. Em geral, as crianças apontavam para a boneca branca, inclusive as crianças negras, evidenciando como a representatividade, ou a sua ausência, influencia as percepções pessoais dos indivíduos, mesmo em relação a eles próprios.
Quando uma minoria ganha destaque em novelas e séries é motivo de espanto e até de revolta. O primeiro beijo gay exibido por uma novela brasileira chocou a maioria dos telespectadores, que o consideravam um absurdo.
O preconceito arraigado na sociedade brasileira é difundido para as crianças das mais diversas e sutis formas. Você já viu uma barbie com cadeira de rodas? Ou sem um braço, ou portadora de síndrome de down? Quantas propagandas na televisão aberta abordam a diversidade?
Historicamente impõe-se à minoria – que nem sempre representa o menor número de pessoas, mas representa o grupo social com menor poder político – um padrão a ser seguido. A maioria, nesse caso, busca dominar através do poder político histórico aqueles que sempre foram tratados como inferiores: negros, mulheres, a comunidade LGBT, deficientes, entre outros grupos sociais.
Porém, ao contrário do que pode parecer, as minorias têm lutado e conquistado seu lugar social, se impondo e se fazendo representar. Mulheres estão assumindo posições antes ocupadas exclusivamente por homens e têm lutado por igualdade salarial. De igual modo, a comunidade LGBT luta diariamente, muitas vezes de forma silenciosa: pode consistir simplesmente em andar de mãos dadas com seus companheiros pelas ruas e enfrentar olhares de repúdio. Os negros também estão mostrando que o preconceito não deve ficar e não ficará impune.
Precisamos de mais bonecas negras, de mais beijos gays nas novelas, de mais personagens transgêneros e transexuais como protagonistas, de mais mulheres como presidentes de empresas, de mais negros como galãs e de mais barbies com pernas artificiais e em cadeiras de rodas.
Todos merecem ser representados em suas diferenças, em seus detalhes, em suas peculiaridades. É isso que pressupõe a democracia e é assim que o direito á liberdade de expressão é elevado ao seu máximo potencial.
Saia da zona de conforto! Ajude, incentive, apoie, não critique o diferente por não o entender, não julgue e não seja intolerante! A intolerância tem causado várias vítimas. Vamos trabalhar o respeito com o diferente e, até mesmo, com nós mesmos?
Fonte:
REPRESENTATIVIDADE IMPORTA; Disponível em: https://www.geledes.org.br/papo-serio-representatividade-importa/; Acesso em: 02/07/2018;
PORQUE REPRESENTATIVIDADE IMPORTA; Disponível em: http://nodeoito.com/por-que-representatividade-importa/; Acesso em: 02/07/2018;