Muito além de sua importância religiosa, é inegável a importância Jesus Cristo enquanto figura histórica. Jesus foi um líder popular cujos atos transcendem o campo religioso, assumindo papel importante na política. Seu maior instrumento sempre foi a palavra, e pelo uso dela foi julgado e condenado à morte.
Sua importância histórico-política é marcante sob o aspecto da liberdade de expressão. Jesus atraiu a ira dos poderosos por manifestar-se contra uma estrutura de valores de sua época, por denunciar a corrupção e o exercício despótico do poder. As acusações que o levaram à execução eram sedição (perturbação da ordem pública), declarar-se rei, e incitar o povo a não pagar impostos ao Império Romano.
O suposto “crime tributário” é relatado em Marcos (12:13-17), contrapondo a acusação e demonstrando que Jesus não incitou o povo a não pagar impostos. Os evangelhos relatam como os adversários de Jesus tentaram ludibriá-lo ao forçá-lo a tomar uma posição explícita sobre a cobrança de tributos pelos romanos. Jesus reconhece na moeda romana a face do Imperador e orienta que a cada “rei” seja dado que lhe é devido: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus”.
Quanto ao crime de sedição, o Ph.D. em história das religiões, Reza Aslan, define Jesus como “o revolucionário judeu politicamente consciente que, há 2.000 anos, atravessou o campo galileu reunindo seguidores para um movimento messiânico com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus, mas cuja missão fracassou quando ele foi preso e executado por Roma pelo crime de sedição.” Jesus foi acusado de ter iniciado um levante pela Galileia até chegar em Jerusalém. O Evangelho de Lucas (23:5) relata a acusação do grupo de judeus que o prendeu perante Pilatos: “ele está causando desordem entre o povo em toda Judeia. Ele começou na Galileia e agora chegou aqui”.
Por fim o “crime de lesa-majestade” consistiu em autointitular-se “Rei dos Judeus”, o que configuraria traição e uma grave ofensa política de ter se colocado diretamente acima do Imperador Romano.
Se, sob a ótica religiosa, Jesus morreu para redimir os pecados da humanidade, a história revela que o motivo de sua condenação e execução foi enfrentar o sistema social, político e econômico de sua época fazendo uso de sua liberdade de expressão. Jesus foi executado por contrariar os interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas.
Vivesse nos dias atuais, no contexto de uma democracia, certamente seria uma liderança tão marcante quanto o fora, mas teria Jesus, num contexto de garantia constitucional à liberdade de expressão, sido condenado como um criminoso?
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FONTES – Acessados em 15/10/2019
https://marihamm.jusbrasil.com.br/artigos/196386015/o-julgamento-de-jesus
https://veja.abril.com.br/ciencia/o-que-a-historia-tem-a-dizer-sobre-jesus/
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_C%C3%A9sar_o_que_%C3%A9_de_C%C3%A9sar…