É comum que as empresas de todos os setores se posicionem de maneira contrária a discursos de ódio. Poucas são as vezes, porém, que essas empresas adotam medidas para o combate real e efetivo ou que adotam medidas que previnam a ocorrência e a disseminação desses discursos.
Para combatê-los, não basta à direção da empresa espalhar cartazes em datas simbólicas, distribuir cartilhas aos funcionários e publicar no website da empresa o repúdio a qualquer discurso de ódio. As medidas devem ser cotidianas e efetivas, não apenas simbólicas, de modo a criar um ambiente que faça com que os discursos de ódio não ocorram entre funcionários dentro da empresa, assim como em suas plataformas digitais.
No ano passado, a cidade de Charlottesville, na Virginia, estado norte americano, foi palco de uma marcha contra negros, gays, judeus, e imigrantes. Infelizmente, em 2017, isso ainda acontece. O Airbnb, site e aplicativo de locação de acomodações ao tomar conhecimento do evento, bloqueou as contas dos usuários que haviam reservado hospedagem para participar da marcha e cancelou as reservas feitas. Assim, o Airbnb adotou uma medida preventiva em prol da luta contra a discriminação, o preconceito e a disseminação do ódio.
Sabe-se que as redes sociais, como o Facebook, o Twitter e o Instagram, são hoje, os principais meios de disseminação de discursos de ódio, e um dos principais motivos para isso consiste na falta de mecanismos de prevenção. Uma publicação, em qualquer uma dessas plataformas, adquire enormes proporções em questão de segundos, e, infelizmente, a ideia de que é possível postar o que quiser nas redes sociais viralizou.
O grande número de usuários torna ainda mais difícil a tarefa dessas empresas, e muitas vezes as decisões sobre o bloqueio e exclusão de alguma publicação podem ser questionadas por restringir o direito à liberdade de expressão. Um dos fundadores do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que a proteção dos usuários contra os discursos de ódio é uma meta para 2018.
A União Europeia vem pressionando, desde 2016, essas empresas para que adotem medidas mais efetivas em relação ao assunto. (Mais informações no informativo: o código de conduta sobre discursos de ódio).
As empresas ainda tem um longo caminho a percorrer, tendo em vista a complexidade do problema. No entanto, existem mecanismos nessas plataformas que permitem que os próprios usuários auxiliem no combate aos discursos de ódio, como denúncias anônimas a publicações consideradas ofensivas. Você já contribuiu para eliminá-los?
Fontes:
CONTRA MANIFESTAÇÃO NEONAZISTA, AIRBNB CANCELA CONTAS DE USUÁRIOS DOS EUA; Disponível em: http://blogs.uai.com.br/olhaso/2017/08/14/contra-manifestacao-neonazista-airbnb-cancela-contas-de-usuarios-dos-eua/; Acesso em: 22/05/2018
AO NEGAR HOSPEDAGEM PARA NEO-NAZISTAS, AIRBNB PROVA QUE É A MAIS ENGAJADA DAS STARTUPS; Disponível em: http://www.b9.com.br/77267/ao-negar-hospedagem-para-neo-nazistas-airbnb-prova-que-e-a-mais-engajada-das-startups/; Acesso em: 22/05/2018
UE PARA EMPRESAS DE TECNOLOGIA: COMBATAM DISCURSO DE ÓDIO OU NÓS OS OBRIGAREMOS A FAZÊ-LO; Disponível em: https://gizmodo.uol.com.br/uniao-europeia-discurso-odio/; Acesso em: 22/05/2018
META PARA 2018 É COMBATER DISCURSO DE ÓDIO E USO INDEVIDO DO FACEBOOK, DIZ ZUCKERBERG; Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/meta-para-2018-e-combater-discurso-de-odio-e-uso-indevido-do-facebook-diz-zuckerberg.ghtml; Acesso em: 22/05/2018.